Presidente de câmara de vereadores é preso suspeito de corrupção e associação criminosa, em Goiás
09/08/2025
(Foto: Reprodução) Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira Alta é preso por corrupção
O presidente da Câmara de Cachoeira Alta, Josuel de Freitas (PP), foi preso preventivamente suspeito de corrupção, falsidade ideológica e associação criminosa, de acordo com a Polícia Civil (PC). Conforme a investigação, ele, quatro vereadores , um ex-diretor da Câmara e um suplente movimentaram, em quatro meses, mais de R$ 110 mil reais de forma fraudulenta por meio de pagamentos de diárias de viagens e cursos que não eram feitos.
A prisão ocorreu nesta sexta-feira (8), e foi mantida pela Justiça neste sábado (9), após audiência de custódia. Em nota, a defesa do presidente da Câmara, o advogado Pedro Miranda, considerou desproporcional a prisão. Segundo ele, a defesa tem demonstrado que as alegações contra seu cliente são "improcedentes" (veja a nota completa no final da matéria).
Conforme o advogado, nessa nova etapa da investigação, foram citados somente dois vereadores, sendo o vice-presidente, Shaylon Rodrigo Ribeiro (PP), a primeira-secretária da Casa, Luziene Vieira (UB), ocasião em que foi pedido o afastamento de seus cargos. A defesa disse que foi dado um prazo para que seja demonstrado a não necessidade desse afastamento.
Também em nota, o assessor jurídico da Câmara de Cachoeira Alta, Felipe Cardoso, disse ao g1 que toda documentação relacionada às diárias de viagens e frequência em cursos foram entregues a PC e Ministério Público (veja a nota completa no final da matéria) .
A PC informou, em nota, que a prisão foi decorrente de investigação iniciada em janeiro deste ano, que agora está na sua segunda fase. A operação apura suposta prática dos crimes de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e associação criminosa, supostamente cometidos no exercício da função legislativa, conforme a corporação.
Mais detalhes serão apresentados em coletiva de imprensa a ser realizada na manhã da próxima segunda-feira (11) na sede da 8ª Delegacia Regional de Polícia, em Rio Verde.
Josuel de Freitas (PP), presidente da Câmara de Cachoeira Alta, em Goiás
Reprodução/Instagram de Josuel de Freitas
Investigação
Em 13 de maio de 2025, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra Josuel, o vice-presidente, Shaylon Rodrigo Ribeiro (PP), a primeira-secretária da Casa, Luziene Vieira (UNIÃO); o segundo-secretário da Casa, Renato Rosa (MDB) e o vereador Tiago Ramalho (Podemos).
No processo na Justiça, também constam os nomes do ex-diretor de Administração e Planejamento da Câmara Municipal, Rômulo Rodrigues Cabral (que saiu do cargo em julho) e do suplente de vereador Nilton Oliveira de Freitas (PP). A defesa deles mencionou que eles não foram citados nessa nova etapa das investigação.
Durante a operação em maio, Tiago foi detido em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e munição, e Josuel foi flagrado com R$ 10 mil em espécie, que foi apreendido, conforme a PC. Uma pessoa diretamente ligada ao presidente da Casa também é investigada pelo crime de usura (agiotagem), mas a reportagem não conseguiu identificá-lo.
Em um vídeo enviado ao g1 na época, o presidente da Câmara negou o desvio de recursos públicos e a existência de compra de voto. Segundo ele, foi recebido ainda um pedido de suspensão dos cargos dos investigados por parte de um suplente de vereador, mas considerou o ofício como "totalmente infundado e embasado".
Os vereadores foram afastados dos seus cargos, mas, em poucos dias, uma liminar na Justiça permitiu que eles voltassem.
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Fraudes
Ao g1 , a delegada responsável pelo caso, Ana Francielle Batista, explicou na época que os desvios eram feitos por meio de um esquema de concessão indevida de diárias a vereadores e servidores, supostamente destinados à participação em cursos e viagens.
Há um excesso de concessões de diárias com recorrência e valores similares. [...] Ainda estamos reunindo elementos para comprovar que a realização era fraudulenta, mas os indícios mostram que sim, porque eram valores repetitivos mensalmente, como se fossem gratificações disfarçadas de diárias", disse a investigadora.
A delegada completou que, conforme os elementos colhidos, os cursos não eram realizados de fato, uma vez que a frequência não era efetivamente cumprida.
A investigadora afirmou ainda que a concessão indevida de diárias e vantagens beneficiavam diretamente os vereadores ligados ao presidente da Casa, "o que reforça a troca de favores pelo apoio político", segundo ela.
Compra de votos
A operação "Nêmesis" teve início em janeiro deste ano, por meio de um pedido do Ministério Público de Goiás, que solicitou a apuração de um suposto esquema de compra de votos para a eleição de presidente da casa.
Segundo a polícia, foram encontrados indícios que apontam a compra de votos, crime de corrupção eleitoral, por parte de alguns vereadores, "cujos elementos serão encaminhados para a Polícia Federal (PF).
Foram aprendidos dinheiro em espécie com mais dois vereadores, quatro veículos de um agiota e uma quantidade significativa de cheques. Os investigados poderão responder por peculato e corrupção passiva.
Nota da defesa do presidente da Câmara
"A Defesa Técnica do Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira Alta - GO, Josuel de Freitas Lemes, manifesta sua veemente indignação e reitera a ilegalidade de sua prisão.
A medida cautelar se baseia em indicações genéricas de terceiros, sem qualquer lastro probatório concreto e individualizado. Desde o surgimento das alegações, a Defesa demonstrou, com o pleno exercício do direito de defesa, que a conduta do Presidente Josuel de Freitas Lemes é ilibada e que os fatos a ele atribuídos são improcedentes.
Esta prisão é uma afronta ao Decido Processo Legal, desproporcional e injustificável. A Defesa já adotou todas as medidas legais cabíveis para reverter esta situação no TJGO e no STJ para garantir a imediata soltura do investigado, confiando na prevalência da justiça.
Pedro Miranda - Advogados"
Nota da Câmara de Cachoeira Alta
"Ainda não houve intimação da Câmara para providências ou acerca do afastamento do Presidente Josuel. Estamos aguardando a intimação do Poder Judiciário.
Sobre os supostos desvios, todo recebimento de diárias de viagem por parte vereadores ou servidores da Câmara segue procedimento definido em Resolução, mediante prestação de contas individualizadas e comprovante de realização e frequência do evento/curso.
Toda a documentação já foi solicitada e entregue à Polícia Civil e ao Ministério Público e estamos aguardando a resposta de ambos já que, até onde se tem conhecimento, há apenas suspeita de não comparecimento nos cursos indicados."
Nota da Polícia Civil
"A Polícia Civil do Estado de Goiás informa que, nesta sexta-feira (08), a Delegacia de Polícia de Cachoeira Alta deu cumprimento a mandado de prisão preventiva expedido em desfavor de vereador da Câmara Municipal local.
A medida é decorrente de investigação policial iniciada em janeiro deste ano, cuja ação deflagrada nesta data integra a segunda fase do procedimento investigativo. Apura-se a suposta prática dos crimes de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e associação criminosa, supostamente cometidos no exercício da função legislativa.
Os detalhes da operação serão apresentados em coletiva de imprensa a ser realizada na próxima segunda-feira (11), às 10h30, na sede da 8ª Delegacia Regional de Polícia, em Rio Verde/GO.
Goiânia, 08 de agosto de 2025."
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